São José, mestre e construtor da Sabedoria Divina
São José ou José de Nazaré ou José, o carpinteiro foi, segundo o Novo Testamento, o esposo da Virgem Maria e o pai adotivo de Jesus. O nome José é a versão lusófona do hebraico Josef, por meio do latim Josephus descendente da casa real de Davi.
O que o Evangelho nos conta sobre São José limita-se a umas poucas frases, vemo-lo aparecer sem que ninguém nos diga nada sobre o seu nascimento e a sua vida anterior, a sua morte nem sequer é mencionada. Mas seria completamente falso que pretendêssemos medir a sua grandeza e o seu papel nos desígnios de Deus pelo modesto lugar que ocupa no Novo Testamento, o Evangelho sempre é lacônico. Mesmo ao mencionar a Santíssima Virgem, é discretamente parcimonioso, diz-nos apenas aquilo que é essencial que saibamos e que está estritamente relacionado com o mistério da Encarnação, deixando-nos o trabalho de estudar pessoalmente as Sagradas Escrituras para extrair as riquezas que nelas contém.
Os textos do Evangelho relativos à São José estão particularmente repletos de tesouros escondidos, e os sóbrios pormenores que nos fornecem tornam-se extraordinariamente reveladores quando meditamos sobre eles. São suficientes para podermos traçar do santo Patriarca um retrato expressivo e atraente. Esta vida tão escondida e apagada toma finalmente em nossos olhos um relevo impressionante, e a obscuridade em que, à primeira vista, a julgávamos irremediavelmente sepultada aparece-nos então como que irradiando esplendores. Quanto mais perscrutamos e meditamos os textos, maior e mais belo nos aparece aquilo que entrevemos e descobrimos.
José, o carpinteiro
Para designarem a profissão de José, os Evangelistas São Mateus e São Marcos utilizam uma palavra cujo sentido geral é “artesão” ou “operário”. Se não tivéssemos em conta senão este termo, tanto poderíamos pensar que era ferreiro, marceneiro, pedreiro, como oleiro ou tintureiro; poderia tratar-se de qualquer uma das múltiplas profissões a que, naquela altura, se dedicavam os artesões das aldeias.
Contudo, as mais antigas tradições são quase unânimes, tanto nos Padres como nos Apócrifos: operário de madeira ou seja carpinteiro, essa profissão obrigava-o a ser ao mesmo tempo lenhador, ferreiro e carpinteiro. Alguns autores declaram que lhes custa admiti-lo, porque pretendam eles essas profissões “exigiam grande ruído e muita força corporal, coisas que não se harmonizam bem com os hábitos de calma e de oração da Sagrada Família”.
Nós diríamos antes que são esses pensamentos que não se harmonizam bem com a figura de São José e muito menos com a de Cristo: pensar que o Homem-Deus, ao vir a este mundo para partilhar da condição humana, tenha tido o cuidado de escolher uma profissão em que nada pudesse ferir-lhe os tímpanos ou defender-lhe a suavidade das mãos parece-nos esquisito e ofensivo.
Pelo contrário a profissão de São José diz muito para a Comunidade Católica Aliança de Cristo Rei, São José é nosso Patriarca e é através dele que realizamos e santificamos as nossas Obras. A marcenaria de Nazaré aparece-nos como o prolongamento de Belém e a preparação do Calvário; no fundo, é o mesmo mistério, ou melhor, são ensinamentos que se completam. Belém mostrou-nos a necessidade do desprendimento e da renúncia, Nazaré ensina-nos a dignidade do trabalho, e o seu valor de santificação e de redenção.
Deus ao vir a este mundo, quis fazer-se trabalhador manual para escolher o que havia de mais baixo anunciando a José como nos narra o Evangelho de (Mt 1,24): “ José, ao despertar do sono, fez como lhe tinha mandado o anjo do Senhor”.
Não nos é difícil imaginar concretamente estas palavras significam: apressa-se a desfazer a trouxa que tinha preparado para a partida e, logo de manhã, corre à casa da sua desposada. Quando acabou a narrativa, José pousou os seus olhos cheios de ternura e respeito sobre a sua Esposa, que agora, em virtude do mistério nEla operado, lhe parecia ainda mais bela, mais pura e mais santa, e saudou-a como a flor de Jessé profetizada que trazia a esperança dos séculos.
Porque Jesus escolheu um pai carpinteiro? Podemos pensar que foi porque a madeira é um dos elementos mais abundantes e mais indispensáveis na Criação: Jesus viria a servir-se dela para a nossa Redenção, como também a Igreja, de acordo com seus ensinamentos do seu Senhor, viria a servir-se da pedra para os altares, da água para o batismo, do óleo para os sacramentos, do vinho para o cálice, do trigo para a Eucaristia.
Assim a nossa Comunidade deve passar por este mesmo caminho: Servir a Cristo, se consagrar a Cristo a exemplo de São José que se doou completamente com os serviços de suas mãos.
Vestimo-nos a camisa ao serviço da Obra de Deus revigorados com a mesma força, sabedoria e foco como São José viveu.
São José, Rogai Por Nós!
Adaptado do Livro: José, O Silencioso (Michel Gasnier)